Página do Kether-Malkuth.
"Sois um, o começo de todos os números, o fundamento de todos os edifícios;
sois um e, no segredo de vossa unidade, os homens mais sábios perdem-se porque não a conhecem.
Sois um, e vossa unidade nunca diminui, nem aumenta, nem sofre nenhuma alteração.
Sois um, mas não como o um em matéria de cálculo, pois vossa unidade não admite nem multiplicação, nem mudança, nem fórmula.
Sois um, para quem nenhuma de minhas fantasias pode fixar definição: eis por que vigiarei minha conduta, evitando cometer faltas com a língua.
Sois um enfim, cuja excelência é tão elevada que não pode cair de maneira alguma, e não como em um que pode deixar de ser."
"Sois existente; entretanto, o entendimento e a vista dos mortais não podem atingir vossa existência nem colocar em vós o onde, o como e o porquê.
Sois existente, mas em vós mesmo, uma vez que outro não pode existir convosco.
Sois existente desde antes do tempo e em lugar algum.
Sois enfim existente e vossa existência é tão oculta e tão profunda que ninguém pode descobri-Ia ou penetrar seu segredo."
"Sois vivo, mas não desde um tempo conhecido e fixo;
sois vivo, mas não por um espírito e uma alma; pois sois a alma de todas as almas.
Sois vivo, mas não como as vidas dos mortais, que são comparadas a um sopro, e cujo fim será o alimento dos vermes.
Sois vivo, e aquele que puder atingir vossos mistérios desfrutará as delícias eternas e viverá para sempre."
"Sois grande, e perto de vossa grandeza todas estas grandezas se curvam, e tudo o que há de mais excelente torna-se defeituoso.
Sois grande, acima de qualquer imaginação, e elevai-vos acima de todas as hierarquias
celestes.
Sois grande, acima de toda grandeza, e sois exaltado acima de qualquer louvor.
Sois forte, e nenhuma de vossas criaturas fará as obras que fazeis e nem sua força poderá ser comparada à vossa.
Sois forte, e é a vós que pertence essa força invencível que não muda nem se altera nunca.
Sois forte, e por vossa magnanimidade perdoais no momento de vossa mais ardente cólera, e mostrai-vos paciente para com os pecadores.
Sois forte, e vossas misericórdias que sempre existiram estendem-se para todas as vossas criaturas.
Sois a luz eterna que as almas puras verão e que a nuvem dos pecados ocultará aos olhos dos pecadores.
Sois a luz que é oculta neste mundo e visível no outro, onde a glória do Senhor se mostra.
Sois soberano, e os olhos do entendimento que desejam vervos estão inteiramente espantados por só poderem atingir de vós uma parte e nunca o todo.
Sois o Deus dos deuses, testemunham-no todas vossas criaturas; e em honra desse
grande nome todas devem render-vos culto.
Sois Deus, e todas as criaturas são vossas servidoras e vossas
adoradoras; vossa glória não é embaçada mesmo que outros sejam adorados, porque a intenção deles é a de se dirigir a vós; são como cegos, cujo objetivo é seguir o grande caminho, e perdem-se. Um afoga-se num poço e o outro cai numa fossa; todos, em geral, acreditam ter alcançado seus desejos e, no entanto, cansaram-se em vão. Mas vossos servidores são como clarividentes que andam num caminho seguro, e que dele nunca se afastam, nem à direita, nem à esquerda, até que entrem no adro do palácio do rei.
Sois Deus que sustentais por vossa deidade todos os seres e que socorreis por vossa unidade todas as criaturas.
Sois Deus, e não há diferença entre vossa deidade, vossa unidade, vossa eternidade e vossa existência; pois tudo é um mesmo mistério; e, embora os nomes variem, tudo retorna ao mesmo.
Sois sábio, e essa ciência, que é a fonte da vida, emana de vós mesmo; e em comparação com vossa ciência os homens mais sábios são estúpidos.
Sois sábio e o antigo dos antigos, e a ciência sempre alimentou-se convosco.
Sois sábio, e não aprendesses a ciência com ninguém, e tampouco a adquirisses de outro senão de vós.
Sois sábio e, como um operário e um arquiteto, reservasses de vossa ciência uma divina vontade, num tempo marcado para atrair o ser do nada; do mesmo modo que a luz que sai dos olhos é atraída de seu próprio centro sem nenhum instrumento ou ferramenta. Essa divina vontade cavou, traçou, purificou e fundiu; ordenou ao nada abrir-se, ao ser aprofundar-se e ao mundo estender-se. Mediu os céus com o palmo, com seu poder reuniu o pavilhão das esferas, com o laço de seu poder cerrou as cortinas das criaturas do universo e, tocando com sua força a ponta da cortina da criação, uniu a parte superior à inferior."
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